terça-feira, 31 de maio de 2011

Crianças terão tratamento no RJ

A internação compulsória vale somente para os confirmados com dependência química. Já foram recolhidos 153 jovens e 538 adultos
31.05.2011| 01:30
Para especialista, a retirada de liberdade de uma criança é algo grave, mas o crack leva a situação emergencial (PATRÍCIA ARAÚJO, EM 15/12/2006)  
Para especialista, a retirada de liberdade de uma criança é algo grave, mas o crack leva a situação emergencial (PATRÍCIA ARAÚJO, EM 15/12/2006)

Regulamentação publicada ontem no Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro determina que as crianças e adolescentes apreendidos nas chamadas cracolândias fiquem internados para tratamento médico, mesmo contra a vontade deles ou dos parentes. Os jovens, de acordo com a Secretaria Municipal de Assistência Social (Smas), só receberão alta quando estiverem livres do vício.

A “internação compulsória” vale somente para aqueles que, na avaliação de um especialista, estiverem com dependência química. Ainda de acordo com a resolução, todas as crianças e adolescentes que forem acolhidos à noite, “independentemente de estarem ou não sob a influência do uso de drogas”, estão impedidas de sair do abrigo até o dia seguinte.

De 31 de março a 25 deste mês, nove operações da Smas em parceria com as polícias Militar e Civil recolheram 153 jovens. Também foram retirados das ruas 538 adultos. Na semana passada, a Smas inaugurou a Casa Viva, um espaço para o acolhimento e atendimento de 25 crianças e adolescentes em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio. Com isso, subiu para 105 o total de vagas oferecidas para a recuperação dos jovens na cidade. De acordo com a Smas, serão 130 até julho.

Para a psiquiatra Analice Gigliotti, chefe do Setor de Dependência Química da Santa Casa, a internação involuntária tem de vir acompanhada de outras iniciativas para garantir a adesão ao tratamento. “São crianças que vivem nas ruas, foram vítimas de abusos, não têm nada a perder”, afirmou. Ela defende que os centros de tratamento lembrem clubes, com piscina e quadras de esporte.

A psicanalista Ivone Ponczec, diretora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas (Nepad) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), lembra que sempre teve postura contrária ao tratamento compulsório. Mas que reviu essa posição diante da tragédia do crack. Ela defende, no entanto, que a abordagem seja feita por profissionais de saúde. “Não pode ser uma abordagem agressiva, policialesca”, recomendou.

De acordo com o psiquiatra Jorge Jaber, que há 15 anos dirige clínica para tratamento de dependentes químicos, no caso do crack, “não há outro recurso” que não seja a internação involuntária. “No caso de crianças que estão nas ruas, isso é muito difícil. A retirada de liberdade de uma criança é algo grave, mas o crack leva a uma situação emergencial”, afirmou. (das agências de notícias)

ENTENDA A NOTÍCIA
A medida do governo do Rio de Janeiro estabelece que os jovens usuários encontrados nas ruas, sejam recolhidos e submetidos a tratamento, só sendo liberados após estarem totalmente livres do vicio do crack.

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